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Baseado em evidências

CBD e Doença de Huntington: Pesquisa e Compreensão Atual

A doença de Huntington é uma condição genética debilitante que afeta o cérebro. No momento ainda não há tratamentos eficazes, então os pesquisadores estão voltando seu foco para os canabinoides – como o CBD. Será que o CBD pode a ajudar os pacientes com doença de Huntington a manejar seus sintomas?

Artigo escrito por
Justin Cooke ,

A doença de Huntington é um distúrbio genético que afeta o cérebro.

Infelizmente, não há cura para esta doença de progressão lenta, mas mortal.

Evidências recentes, no entanto, sugerem que o óleo de CBD pode oferecer suporte aos pacientes com esta condição, retardando sua progressão e melhorando a qualidade de vida das pessoas afetadas.

Aqui, investigaremos essas alegações e discutiremos como o CBD pode ser usado contra os sintomas da doença de Huntington. Nós também explicaremos como você pode começar a usar os efeitos neuroprotetores do CBD a seu favor.

O Que É a Doença de Huntington?

A doença de Huntington é um distúrbio cerebral progressivo caracterizado por movimentos musculares incontroláveis, incapacidade de controlar as emoções e uma redução gradual da função cognitiva.

É uma condição séria e vitalícia causada por uma mutação genética.

Viver com a doença de Huntington traz desafios únicos. Não há cura, mas há algumas opções que podem ajudar a retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.

Uma dessas opções que vem ganhando muito interesse é o canabidiol (CBD), o principal canabinoide não-psicoativo na planta de maconha.

Como o CBD pode ajudar na doença de Huntington?

Resumo do Uso do Óleo de CBD para a Doença de Huntington

O problema com a doença de Huntington é que proteínas disfuncionais (huntingtina) se acumulam ao redor das células nervosas e começam a impedir sua capacidade de funcionar.

Durante longos períodos de tempo (10 a 20 anos), isso resulta em inflamação generalizada e morte dos neurônios, causando sintomas neurológicos graves e redução gradual na qualidade de vida.

O CBD oferece alguns benefícios exclusivos às pessoas com esta condição por causa de seus potentes efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores.

Embora não existam ensaios clínicos conclusivos envolvendo o CBD em pacientes com doença de Huntington, há muitos ensaios em animais e estudos de caso convincentes publicados.

Além disso, os efeitos do CBD são bem conhecidos e apoiam fortemente a teoria de que o CBD pode retardar a progressão da doença e reduzir muitos dos efeitos colaterais mais debilitantes.

Naturalmente, sempre que se usar o CBD para condições médicas como essa, é importante conversar com seu médico primeiro e usar apenas os óleos de CBD de melhor qualidade disponíveis.

Quando a Doença de Huntington Começa a Mostrar Sintomas?

Existem dois tipos principais de doença de Huntington. Cada um indica quando a doença começará a mostrar sinais e sintomas:

1. Doença de Huntington com Início na Idade Adulta

Início na idade adulta descreve a idade em que os sintomas começam a aparecer. Em todas as pessoas com doença de Huntington, o distúrbio está presente desde o nascimento, no entanto, ele às vezes não produz sintomas problemáticos até a idade adulta.

Geralmente, os sintomas da doença de Huntington com início na idade adulta começam a aparecer por volta dos 30 ou 40 anos.

2. Doença de Huntington Juvenil

A doença de Huntington juvenil começa muito antes, no início da infância ou na adolescência.

Os primeiros sintomas são mudanças emocionais, falta de jeito, quedas frequentes, rigidez, fala arrastada, baba e um declínio no desempenho escolar.

Algumas crianças com a doença também terão convulsões. Isso atinge até 50% dos afetados.

Comparada à doença de Huntington com início na idade adulta, o Huntington juvenil tende a progredir rapidamente.

Como discutiremos em mais detalhes abaixo, pessoas com Huntington juvenil tendem a apresentar uma mutação genética mais severa do que aquelas com início na idade adulta.

Os Sintomas da Doença de Huntington

A maioria dos sintomas envolvidos com a doença de Huntington é resultado direto da morte neuronal. Proteínas se acumulam no cérebro, interferindo no funcionamento das células nervosas.

Com o passar do tempo, problemas começam a aparecer na função neuronal normal e esta piorará gradualmente ao longo de 10 a 15 anos.

Sintomas do Estágio Inicial:

  • Irritabilidade
  • Depressão
  • Pequenos movimentos involuntários (coreia)
  • Má coordenação
  • Problemas para aprender novas informações ou tomar decisões

Sintomas de Estágio Tardio:

  • Dificuldade para falar
  • Dificuldade para se movimentar
  • Declínio cognitivo

O que Causa a Doença de Huntington?

A doença de Huntington é um distúrbio genético que afeta principalmente pessoas de descendência europeia.

A doença está presente em cerca de 3 a 7 pessoas a cada 100.000, principalmente descendentes de europeus. A doença é muito rara em populações africanas e asiáticas.

O distúrbio vem de uma mutação em um gene conhecido como HTT.

Este gene codifica uma proteína chamada huntingtina. Os cientistas ainda não sabem o que ela faz, mas ela parece desempenhar um papel crítico na capacidade de funcionamento das células nervosas.

As pessoas que sofrem da doença de Huntington produzem proteínas huntingtinas anormalmente longas.

Essas proteínas longas são instáveis e se quebram em pedaços menores, que podem se enrolar uns nos outros e se acumular em torno dos neurônios. Com o passar do tempo, estes emaranhados interferem na capacidade dos neurônios de funcionar e acabam por causar sua morte.

É isso que causa o início gradual dos sintomas associados à condição, tais como movimentos involuntários, dificuldades na fala e confusão.

Este é um processo semelhante ao que acontece com o mal de Alzheimer, mas este último envolve outra proteína, conhecida como TAU. Emaranhados da proteína TAU nos neurônios fazem com que eles degradem com o tempo.

Mutação do Gene HTT

No gene HTT saudável, os nucleotídeos – unidades do gene que codificam as proteínas – são repetidos de 10 a 35 vezes. Em pessoas com doença de Huntington, no entanto, estes nucleotídeos são repetidos de 36 a 120 vezes (especificamente, a sequência CAG).

Em geral, qualquer coisa abaixo de 39 repetições não causará nenhum sintoma. No entanto, mais de 40 repetições quase sempre resultarão em sintomas da doença de Huntington.

Essa mutação é passada de pais para filhos. É muito raro alguém desenvolver a doença de Huntington sem um pai ou mãe que também tenha essa condição.

Se você não recebeu o gene dos seus pais, não poderá transmiti-lo a seus filhos. Você precisa ter a mutação genética para passá-lo adiante.

À medida que o gene é transmitido pelas gerações, o número de repetições tende a aumentar de tamanho.

A doença de Huntington com início na idade adulta tende a apresentar cerca de 40 a 50 repetições, enquanto o início juvenil costuma apresentar pelo menos 60 repetições.

Estas repetições são importantes porque é assim que os médicos testam a doença.

Como Fazer o Teste para a Doença de Huntington

Os médicos começam considerando os sintomas.

“O paciente apresenta algum sinal de doença de Huntington?”

Em seguida, eles consideram a origem étnica e o histórico familiar do paciente.

“Ele é descendente de europeus? Ele tem outros membros da família que tiveram a doença?”

A doença de Huntington é uma doença hereditária, portanto, se houver outros membros da família com a condição, haverá uma probabilidade muito maior de se carregar essa mutação genética específica.

Os médicos examinarão o gene por meio de vários testes genéticos especializados e contarão o número de repetições.

As classificações são as seguintes:

  1. Menos de 26 repetições: negativo para a doença de Huntington.
  2. Entre 27 e 35 repetições: negativo para a doença de Huntington, mas risco de ter filhos dentro da faixa para doença de Huntington.
  3. Entre 36 e 39 repetições: baixo risco para o desenvolvimento da doença de Huntington; alto risco de ter filhos com a doença.
  4. 40 ou mais repetições: alta probabilidade de desenvolver sintomas da doença de Huntington e ter filhos com a doença.

CBD e Doença de Huntington

Ao longo das últimas 2 décadas, fizemos pouco progresso para encontrar tratamentos eficazes para a doença de Huntington. Nós temos, no entanto, avançado muito em nossa capacidade de testar a condição através de testes genéticos.

Somente nos últimos 10 anos os pesquisadores começaram a olhar para a planta de cannabis com a intenção de identificar uma nova opção de tratamento potencial para a condição.

A cannabis oferece um forte potencial como agente terapêutico para tratar o distúrbio devido ao seu papel na regulação do sistema nervoso. O CBD, em particular, também é usado para tratar condições com processos patológicos semelhantes, como o mal de Alzheimer e a esclerose múltipla.

CBD e o Cérebro

No final da década de 1980, descobrimos a existência de pequenos receptores na superfície de nossas células conhecidos como receptores endocanabinoides. Existem dois tipos principais: os receptores CB1 e CB2.

Os receptores CB2 são encontrados principalmente nas células linfáticas e imunes, enquanto os receptores CB1 têm uma alta concentração no cérebro e na medula espinhal.

Toda atividade cerebral depende do envio de impulsos elétricos entre as células nervosas. Foi demonstrado que os receptores CB1 desempenham um papel crítico neste processo, enviando feedback entre os nervos para retransmitir que a mensagem inicial foi passada com sucesso.

Isso torna o sistema endocanabinoide um regulador chave do sistema neurológico, ajudando-o a acelerar quando está muito lento e a desacelerar quando está trabalhando demais.

CBD e a Doença de Huntington

O óleo de CBD é de particular interesse porque, em vez de estimular o sistema endocanabinoide em uma direção ou outra, ele funciona simplesmente tornando-o mais eficiente em seu trabalho.

Isso é importante em relação à doença de Huntington, pois camundongos com doença de Huntington apresentam menor atividade de CB1 e maior atividade de CB2.

Acredita-se que o corpo aumenta a atividade do CB2 na tentativa de controlar a condição e prevenir a morte das células nervosas.

O CBD oferece benefícios aos pacientes ao apoiar a capacidade dos sistemas endocanabinoides de responder e gerenciar os processos negativos que ocorrem como consequência da doença de Huntington.

Pesquisas Sobre o CBD para a Doença de Huntington

As pesquisas envolvendo o CBD para essa condição ainda estão na infância.

Há apenas um pequeno punhado de ensaios clínicos que investigaram essa relação e os ensaios que temos são significativamente carentes em áreas-chave.

Eles são muito curtos, muito pequenos e envolvem pacientes com o foco errado de sintomas.

No entanto, estamos chegando muito mais perto.

Para fazer esses ensaios clínicos grandes e caros, precisamos primeiro confirmar que há benefícios do óleo de CBD para a fisiopatologia envolvida na doença de Huntington. Isso pode ser feito através de culturas de células e testes em animais. O próximo passo é conduzir pequenos testes baseados em humanos, antes de passar para testes clínicos maiores e mais difundidos.

Já foram feitos diversos estudos em animais, muitos dos quais demonstraram que o CBD e o THC são capazes de retardar a progressão da doença de Huntington em ratos [3].

Além disso, há alguns relatos de casos de pessoas com doença de Huntington usando CBD e THC sintético. Alguns destes relatos envolvem melhora significativa dos sintomas como coreia (movimento involuntário) e dificuldades na fala [2].

Até agora, só houve um punhado de ensaios clínicos envolvendo o CBD e a doença de Huntington. Um destes ensaios apenas investigou o uso de CBD em pacientes que não apresentavam o principal sintoma de movimentos involuntários. Isso é interessante porque as principais teorias por trás de como o CBD pode ser utilizado para melhorar a condição é tratando justamente estes movimentos involuntários.

Este estudo em particular também foi feito ao longo de apenas 6 semanas, o que é de pouco valor quando se considera o fato de que a doença de Huntington progride por mais de 20 anos. Nenhuma mudança deve ser esperada em um tempo tão curto quanto 6 semanas, especialmente em pessoas que já desenvolveram sintomas da doença de Huntington. 

Como era de se esperar, os membros do estudo que tomaram CBD mostraram pouca ou nenhuma melhora ao longo do estudo. Isto tem pouco valor para demonstrar o papel que o CBD pode desempenhar no tratamento desta doença, no entanto, é um bom ponto de partida, porque provou que o CBD não piora a situação, o que algumas pessoas originalmente teorizaram poderia acontecer.

Uma Nota Sobre Disfunção Mitocondrial

A mitocôndria, central de energia da célula, também tem sido implicada como um dos participantes no processo por trás da doença de Huntington, e tem-se demonstrado que o CBD oferece potentes benefícios moduladores em relação a isso [5].

Mais pesquisas são necessárias para ver como a disfunção mitocondrial está ligada à doença de Huntington e se o CBD pode ou não ser usado para corrigir essas disfunções.

Dosando o Óleo de CBD

Dosar o CBD é difícil porque cada pessoa reage a ele de maneira diferente.

Existem algumas diretrizes padrão que você pode usar para começar.

No contexto de algo como a doença de Huntington, é provável que o extremo mais alto do espectro de dosagem seja mais benéfico do que o extremo mais baixo.

Alguns dos estudos sendo realizados envolvendo esta doença usaram doses muito altas, no domínio de cerca de 700 mg de CBD puro por dia.

Compare isso à amplitude usual de dosagem de cerca de 10-120 mg por dia.

É claro que os óleos de cânhamo de espectro completo tendem a exigir doses mais baixas por causa de algo chamado de efeito entourage. Esta é a ideia de que os outros compostos da planta melhoram os efeitos do CBD ao potencializar sua absorção, ajudando-o a ultrapassar a barreira hematoencefálica e desacelerando sua quebra.

Por este motivo, quando se for usar CBD para condições neurológicas como a doença de Huntington, nós aconselhamos um óleo de cânhamo de espectro completo de primeira qualidade.

Perspectivas Futuras

O CBD é um constituinte medicinal valioso das plantas da família cannabis.

Sua capacidade de regular tanto a função neurológica quanto a imunológica – ambas as quais estão altamente envolvidas na progressão da doença de Huntington – fazem dele um ótimo candidato para futuras opções de tratamento para esta condição.

Tem havido uma crescente coleção de evidências que apoiam a capacidade do CBD de retardar a progressão da doença de Huntington e melhorar a qualidade de vida em pessoas que sofrem desta condição debilitante.

Mais pesquisas precisam ser feitas para entender até que ponto esse composto pode ajudar aqueles diagnosticados com a doença.

Estamos ansiosos para ver esse espaço se desenvolver ainda mais nos próximos anos à medida que ensaios clínicos de alta qualidade forem publicados sobre o assunto.

Referências

  1. Garcia-Miralles, M.; Hong, X.; Tan, L. J.; Caron, N. S.; Huang, Y.; To, X. V.; e Hayden, M. R. (2016). Laquinimod rescues striatal, cortical and white matter pathology and results in modest behavioral improvements in the YAC128 model of Huntington disease. Scientific reports, 6, 31652.
  2. Bates, G.; Tabrizi, S.; e Jones, L. (Eds.). (2014). Huntington’s disease  (nº 64). Oxford University Press, EUA.
  3. Sagredo, O.; Pazos, M. R.; Satta, V.; Ramos, J. A.; Pertwee, R. G.; e Fernández-Ruiz, J. (2011). Neuroprotective effects of phytocannabinoid‐based medicines in experimental models of Huntington’s disease. Journal of Neuroscience Research, 89(9), 1509-1518.
  4. Sagredo, O.; Ruth Pazos, M.; Valdeolivas, S.; e Fernández-Ruiz, J. (2012). Cannabinoids: novel medicines for the treatment of Huntington’s disease. Recent patents on CNS drug discovery, 7(1), 41-48.
  5. Ryan, D.; Drysdale, A. J.; Lafourcade, C.; Pertwee, R. G.; e Platt, B. (2009). Cannabidiol targets mitochondria to regulate intracellular Ca2+ levels. Journal of Neuroscience, 29(7), 2053-2063.

Condições que Podem Responder ao Canabidiol